Segundo dia de congresso é marcado por debates sobre os desafios da educação no cenário neoliberal

02/12/2022 09:41

Segundo dia de congresso é marcado por debates sobre os desafios da educação no cenário neoliberal

A XVI edição do Congresso do Sindipema deu início às mesas de conferências para discutir o cenário da educação nos contextos internacional, nacional e local na sexta-feira (18). O segundo dia de congresso foi marcado pela realização de debates com a presença de Andressa Pellanda, Humberto Matos, Catarina de Almeida, Ângela Melo, Rafaela Alves, Eduardo Ferreira e Iran Barbosa. 

 

A primeira conferência do dia discutiu o tema ‘Mercantilização da educação e empobrecimento do Magistério Público’ sob mediação da professora Cátia Oliveira. Professor da rede estadual do Rio Grande do Sul e Youtuber, Humberto Matos, destacou o compromisso social da educação pública e o papel que os professores desempenham nesse processo. De acordo com ele, os docentes têm sido taxados como ‘inimigos’ da sociedade pelas forças reacionárias que emergiram nos últimos anos. Tal denominação é sistemática, como explica o professor: ‘‘A educação tem o poder de contrapor tudo que está exposto. Por isso, eles se empenham tanto em criminalizar os professores, empobrecer a educação e sucatear o ensino. Precisamos ser resistência. E só seremos efetivos se estivermos organizados enquanto classe. Nós somos um dos principais pilares de resistência contra esse processo’’, comenta Humberto.

 

Andressa Pellanda, Coordenadora Geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, participou da mesa de forma virtual. Na ocasião, Andressa apontou o ‘efeito Bolsonaro’ sobre a educação como causa do sucateamento da pasta.  Ela também destacou o avanço do setor privado na imposição das políticas econômicas de austeridade na educação como impulsionadores da devastação da área. ‘‘A educação é um processo que precisa de investimento. O que vemos é uma ida ao contrário disso, com avanços em uma agenda de privatizações’’, aponta. Pellanda salientou que essa agenda foi iniciada pelo Governo Temer e intensificada com o Governo Bolsonaro, especialmente com o censo econômico do Ministro da Fazenda, Paulo Guedes.

 

A segunda mesa do dia discutiu o tema ‘Formação do docente frente aos desafios do mundo liberal’ sob mediação da professora Sanda Beiju. Doutora em Educação e professora Adjunta da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, Catarina Almeida enfatizou que a metodologia de ensino deve ser estabelecida pelos próprios educadores e não a partir de legisladores e fundações. ‘‘O Congresso e as Assembleias Legislativas devem trabalhar em congruência com os educadores no planejamento de ações no campo da educação’’, ressaltou a professora.

Ainda na discussão, a professora e vice-presidenta do Sindipema, Sandra Beiju, comentou sobre a aplicação dessa realidade no cenário municipal. ‘‘A partir da Lei 166/ 2018 a Semed instituiu o 'Pacto de Gestão' e passou impor às escolas o cumprimento de metas burocráticas que engessam a gestão democrática da educação em Aracaju’’, destacou.

A programação da tarde foi aberta com apresentação do cantor Minho San que colocou as professoras e professores em animação com um repertório musical único. Em seguida, foi exibido o monólogo teatral 'A questão da fome’ interpretado pelo ator Altair Soares, onde destaca as mazelas sociais da realidade brasileira.

A mesa em homenagem a Paulo Freire com o tema ‘O pensamento de Paulo Freire e as lutas da classe trabalhadora’, sob mediação de Flávio Nascimento, abriu os debates do período da tarde. A professora e vereadora, Angela Melo, relembrou da Lei nº5383 que instituiu o ano educacional ano educacional Paulo Freire que terminou em setembro com audiência pública na CMA. 

A professora Ângela ainda comenta que o pensamento de Paulo Freire é contrário à educação mecânica. Segundo a educadora, a educação deve ser capaz de auxiliar o aluno no desenvolvimento da sua capacidade crítica em relação ao mundo. Ou seja, o estudo deve levar à criticidade. O maior desafio da classe trabalhadora, segundo Ângela, é a comunicação diante de um mundo de fake news. Para isso, a professora aponta para a educomunicação como forma de fomentação de uma educação crítica, assim como defende o pensamento freiriano. 

No momento, Rafaela Alves se emocionou ao falar do ilustre prazer em ser convidada para a conferência sobre Paulo Freire. De acordo com a palestrante, é uma experiência ‘calourosa’ participar de um evento com um público tão importante: educadores. É preciso ensinar a ler o mundo: para isso, Rafaela destaca a importância de uma educação que fomente a criticidade dos estudantes. ‘‘Não podemos apenas repassar informação, é necessário gerir conhecimento’’, defende Rafaela. 

A educadora salienta que, segundo o pensamento freiriano, é através da educação que o estudante transforma a sociedade. Pois, a partir dela, o indivíduo entende seu papel no mundo e pode mover as estruturas sociais. 

A terceira e última conferência do dia levou o tema ‘Financiamento da educação e valorização do Magistério' e foi mediada pelo professor Obanshe Severo. O Assessor Jurídico da CNTE, Eduardo Ferreira, comentou que o financiamento da educação requer mais investimentos e justiça tributária. Segundo o palestrante, houve regressão e privatização dos serviços públicos, levando-os a precarização; desvalorização dos profissionais do ensino ao não realizar concursos públicos, cursos, formações. ‘‘Esse processo de mercantilização da educação é um projeto neoliberal’’, destaca. 

 

Eduardo ainda ressaltou como está configurado o cenário da educação. ‘‘Temos uma disputa muito acirrada no Brasil, em relação a educação pública e o setor privado. Se por um lado os governos investem na desresponsabilização da oferta e da gestão pública, alegando falta de recursos, por outro lado, empresários avançam na oferta de matrículas privadas e sobre as verbas dos fundos públicos’’, salientou.

Ainda durante a mesa, o professor e Deputado Estadual, Iran Barbosa, denunciou as condições de trabalho que os docentes enfrentam diariamente nas salas de aulas. ‘‘Não há garantias de condições de trabalho dignas sem o financiamento correto da educação. Precisamos improvisar durante as aulas. Muitas vezes não tem quadro, giz, merendas, ventiladores. O direito que o aluno tem de aprender está firmado em toda a teoria pedagógica e na legislação. E o direito do professor ensinar, exige boas condições de trabalho’’, criticou o parlamentar. 

Por um Sindipema forte e comprometido com a Luta Coletiva.

 
  • Ícone Facebook Facebook
  • Ícone Twitter Twitter
  • Ícone Linkedin Linkedin
  • Ícone Whatsapp Whatsapp
  • Ícone Email Email